quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cronograma



                                (Pseudo Cronograma)


    Introdução - Ô bem, não estranhe não, tudo aqui é migalha do que tu nem imaginas. Hoje é só um dia caído no meio de ti, amanhã é uma vida inteira. E enquanto é hoje, o teu inteiro fica um pouco guardado em cada parte de estarmos partidos entre nossos segundos. Ok, ok, chega disso, sabemos o quão fácil se cansa o teu suposto estereótipo, queira contar, portanto, todo o tempo que puder, nem que seja para depois cobrar o quanto roubamos da tua paciência. Contudo, se realmente quiser, então não se esqueça de nenhum instante, e se se esquecer, então que não seja de um instante que tenhamos tomado de ti. Tu (nosso docinho de gengibre!) podes admitir uma porção de coisas, inclusive que estejamos aqui por qualquer vontade alheia ao intuito de te aborrecer, afinal, somos chatos à força do que nem se sabe e não à sombra de sermos autênticos, embora te chateemos mesmo quando nenhuma força nos aporrinha.
    Para todos os efeitos, convém que pareçam bem intencionados os chatos que escreveram o bagulho que lês. Em tal bagulho deve constar, por quaisquer motivos que correspondam à desconstrução da impressão de que havíamos nos esquecido de postar o que estamos postando, o que se estende logo abaixo, que é tão somente o que parecer ser.
    Um de nossos arranjos nervosos pouco fiéis a nós mesmos, enquanto se debatia contra a lucidez de nossos cérebros, trouxe notícias daquelas horas que ainda não vieram. Depois de averiguarmos minuciosamente a credibilidade das informações que recebemos, resolvemos divulgá-las, e cá estão expostas sob a forma do próximo parágrafo, de cujo teor suspeitamos mesmo admitindo a impermanência de seu sigilo, tão contrária à tendência inicial de nossos intuitos, que tanto nos fez trabalhar mentalmente para revertê-la, afinal, a decisão em questão não foi fácil, tampouco simples o bastante para que a tomássemos sem recorrer a reflexões tremendamente apuradas.
    Nossa próxima postagem será consumada em um dia qualquer do futuro. Noutro dia qualquer do futuro, será consumada outra de nossas postagens, posterior a que a anteceder. Ainda haverá chances de haver outras porções de postagens acontecendo durante o que vier a suceder. Talvez escolhamos um assunto turístico, talvez façamos turismo por outros assuntos, talvez descumpramos o que já prometemos fazer.
    As coisas de depois devem ser meio furadas para que consigamos passar por elas. A explicação para um recado oriundo dos tempos ainda não vindos tende a ter, afora um cunho inconcebível, algum vínculo com aquilo¹ a que recém nos referimos, a saber, os furos da posteridade, pelos quais pode haver circulação do que for presumível haver, e há de não ser conjecturável um duplo fluxo. Enfim, nosso ponto dista muito daqui e nossas pretensões não tangenciam o propósito de sabermos o quão adivinháveis as coisas de depois são ou deixam de ser. Antes que nos percamos, é preciso que digamos que não estamos praticando nada além de um exercício de imaginação.
    Sim, estamos imaginando! E como isso faz bem! Às vezes sentimos que estamos pensando com uma parte dissidente de nossos cérebros, e a garganta entalada no fundo da boca, suando saliva, contorce-se de cócegas só de termos tal sensação. Qualquer ideia desconexa que tenhamos abandonado aqui, por mais ininteligível que seja, é passível de ter sido parida ao acaso, bem como os arranjos nervosos que surgem entre as partes de nossos cérebros, naquela que é apenas uma zona imaginária, mas que deve transbordar de confusão.
    ¹ Muitas vezes, fazer períodos longos resulta em usarmos o termo “aquilo” até para retomar o que a frase vizinha mal acabou de expressar: as palavras parecem tão distantes em situações assim; nada é “isso”, tudo é “aquilo” ou qualquer coisa semelhantemente tão longe de não se sabe o que, mas que pode ser até mesmo o que a avizinha.


Postado por Gabriel Zarth e Tiago Dresch



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