sexta-feira, 18 de maio de 2012

Não Somos Enólogos




Vino Uruguayo Retrasa El Envejecimiento

Resolvemos falar de vinho, mas é nada o que sabemos sobre o que resolvemos falar. E para não falar asneiras (ou para falar asneiras menos asnas) consultamos o dicionário e transcrevemos apenas as suas palavras menos obtusas. Portanto, os vocábulos contidos aqui tendem a apresentar um cunho predominantemente acutangulado. Ser acutangulado é conduzir a própria agudeza ao extremo da existência. Os pitagóricos eram mais retangulares do que acutangulados, embora tenham conseguido atingir o limiar da consagração numérica.
Deixando de lado as frases "oreganosamente” engenhosas, precisamos realizar alguns registros: o “uruguayo” inserido anteriormente é quase uma partícula expletiva; o envelhecimento diz menos respeito à idade das pessoas do que aos seus pensamentos; vinho contém álcool, ou seja, não beba. Ah, antes de finalizar o parágrafo, uma sugestão para quem é fã de uva: os cachos de uva ficam muito bem como pinheiros para os presépios natalinos. Se o leitor pensa em fazer uma maquete com árvores ou em montar presépios para o próximo Natal, não jogue fora seus cachos de uva, reutilize-os. Imagine um cacho de uva no lugar do clássico pinheirinho de Natal, que coisa mais bela! A simplicidade das coisas aliada às causas ecologicamente corretas, que ideia simplesmente genial.
Não desconhecemos completamente os vinhos: sabemos que eles geralmente são roxos. Além disso, temos as noções básicas necessárias à compreensão dos mecanismos envolvidos no ato de abrir garrafas fechadas por rolhas de cortiça. Longos anos se passaram enquanto estudávamos o design dos abridores de latas. E o incrível é que ainda não sabemos como abrir latas, nem mesmo de sardinhas. Sempre que abrimos o fundo de nossos armários encontramos uma pilha de latas de sardinha à espera do carinho selvagem do abridor. Quando olhamos as datas de validade carimbadas na superfície das latas começamos a sofrer... Será que a nossa data já não passou... Estamos envelhecendo e nem podemos acreditar nisso... Está acabando o suco de uva da nossa garrafa... Como podemos multiplicar a última gota de nossa juventude sem aguá-la... O envelhecimento é coisa que já não podemos negar. Ora, se vivendo não há como escapar da idade avançada, então que passemos a aceitá-la, afinal, vinho nenhum pode fazer a mágica de impedir que os dias envelheçam. Os dias de depois de amanhã até podem ser bisnetos do vovô hoje, os lugares por onde passarmos até podem ser mais cinzentos do que branco e preto juntos, as pessoas que conhecermos até podem ser tão centenárias quanto os menos recentes resquícios medievais, as verdades ou mentiras que inventarmos até podem ser as mais novas anciãs da humanidade. Tudo parecerá novo se levarmos conosco a leveza de viver eternamente jovem. Os lugares não são velhos ou novos ou descoloridos, eles têm a cor com a qual quisermos pintá-los. E até as cores... As cores têm a intensidade com que nossos olhos conseguem enxergá-las, e cada olho vê por um ângulo “acutangulamente” ou “obtusangulamente” singular. Dois olhares interpretam um mesmo panorama com distintos interesses, e seria pretensamente abusivo recortar o mais interessante sem pegar firme na tesoura. A dor é como o envelhecer: não há escapatória. Suavizar a dor não diminui a ferida, e de ferida em ferida o todo agoniza. Por mais que a parte se emende, o todo segue agonizante se entre as partes nada se emenda, e é por isso que não se deve observar o conjunto do corpo apenas insensivelmente. Sensibilidade econômica, sensibilidade social, sensibilidade para as pequenas coisas do cotidiano, sensibilidade para o indispensável, enfim, nenhuma sensibilidade é dispensável. Que venha a hora de acertar as contas com o senhor tesoureiro de todas as coisas, que deve ter feito alguma confusão numérica depois do primeiro gole da segunda taça. Decerto não é do clube dos pitagóricos, tampouco do clube do real visível.
Segue abaixo a outra parte do texto:


Foi em algum tempo (que já passou) que um imigrante de algum lugar plantou as primeiras árvores de uvas (parreiras) Tannat lá pelos cantos da República Oriental. Só bem mais tarde, porém, a produção comercial ganhou impulso, fase em que outros imigrantes de algum outro lugar intensificaram o cultivo dessa uva. O sucesso foi tanto que a Tannat tornou-se uma espécie de símbolo das vinícolas uruguaias e hoje ocupa uma porção relevante da área plantada do país. No total, são cerca de quatro centenas de vinícolas no país, sendo que mais ou menos trinta têm expressão internacional. Muitas são as variedades de uvas cultivadas no Uruguai; as tintas representam mais da metade da área cultivada. Entre as brancas, predominam a Sauvignon e a Chardonnay, com presença de Sauvignon Gris, Viognier e Riesling. No caso das tintas, pode-se escolher entre diversas além da Tannat, como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Tempranillo, Shiraz e Petit Verdot.
Em geral, o vinho de Tannat de nossos vizinhos é menos agressivo e mais frutado que o gaulês, mantendo as características de cor escura, taninos marcados, teor alcoólico médio e afinidade com carvalho. Para moderar sua adstringência, a Tannat costuma ser cortada no Uruguai com a Merlot ou com a Cabernet Sauvignon, de modo a dar maior estrutura ao líquido.


Os que se dizem porta-vozes da ciência já descobriram que o vinho contém substâncias que fazem bem a nossa saúde ajudando a prevenir doenças como as do coração.Agora, novas pesquisas revelam que a quantidade dessas substâncias é maior em algumas variedades de uva. Uma das campeãs é a tannat, a uva mais plantada no Uruguai.
A variedade Tannat, que produz um vinho de vermelho intenso, foi levada da França, no fim do século 19. O nome se deve à forte presença de taninos, que são antioxidantes naturais: combatem o envelhecimento precoce e ajudam a prevenir doenças, entre elas, alguns tipos de câncer. Uma pesquisa feita em Montevidéu por algum instituto comparou três variedades de vinhos produzidos no Uruguai e concluiu que a Tannat retarda por mais tempo a decomposição em cérebros de ratos.

Postado por Gabriel e Tiago

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